domingo, 1 de fevereiro de 2009






MERGULHO PARA A MORTE



Este conto relata um caso amoroso vivido entre duas personagens, a Anabela e o Tó Jó, que termina de forma trágica. Nele está também presente o duplo conflito interior que Anabela vivia, e é assim que a tese do suicídio começa a ganhar vida.
Anabela era uma rapariga que lutava contra o amor que sentia pelo Tó Jó, ao mesmo tempo que a sua fraca auto-estima a consumia. Os vários aspectos da personalidade da vítima como a superstição, a vergonha do aparelho que tinha nos dentes, a repulsa física e o ciúme neurótico, fizeram com que não aguentasse viver no "... meio de uma perfeição feita de braços musculados, peito interminável, pernas rijas e depiladas, rosto quadrangular à actor de cinema e dentes brancos...". O sentimento de inferioridade em que vivia levou-a a deixar ao fim de 3 anos o homem que amava.
É quando Anabela finge que "... falava pelo telemóvel, sabendo que, lá da janela da marquise, o olhar de periscópio do Tó Jó se atinha no brilho difuso dos seus dentes." ou "...simulava ardores concupiscentes com o bancário, enquanto o Tó Jó passava..." que começa a delinear-se a tragédia que se advém. Isto acontece na altura que Anabela já se tinha mais confiante, por estar com uma pessoa ao "nível" dela. Decidiu até comemorar a sua despedida de solteira "... à laia de provocação...", na mesma discoteca onde o Tó Jó ia atravessar a passerelle. O que ela não contava era que o reencontro, no meio de muito álcool à mistura, lhe trouxesse à memória todas as angústias, preconceitos e desesperos ultrapassados.
Foi no culminar da noite, quando os dois encetavam uma "... aparente reconciliação..." que a raiva se apoderou de Anabela "... nunca mais me pões a vista em cima, Tó Jó, nunca mais, ouviste!?! Desta vez é a sério. Odeio-te, odeio a tua beleza.". É, depois de todas estas peripécias protagonizadas pela vítima, que acredito que, escudada no facto de todos os presentes na discoteca, não só, terem testemunhado o clima "concupiscente" entre esta e o Tó Jó ( incluindo o próprio noivo ), como o terem abandonado a festa juntos, após uma noite ardente de sexo, Anabela decidiu por termo á vida. Rancorosa "... eu não queria... odeio-te, odeio a tua beleza." e possivelmente envergonhada com o casamento destruído, pela incapacidade de resistir ao Tó Jó, ela acreditou que este seria incriminado, conseguindo assim destruir aquele que falhou em conquistar.

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